Pesquisador da EEFE destaca o treinamento resistido como uma alternativa promissora para o manejo da dor lombar crônica.
A dor lombar crônica é atualmente a principal causa de incapacidade no mundo. Caracterizada pela dor e desconforto na região inferior das costas, afeta não somente a qualidade de vida, mas também a capacidade funcional de milhões de pessoas. Além de limitações nas tarefas diárias, a condição pode levar a um afastamento do trabalho e gerar consequências socioeconômicas importantes.
Segundo a OMS, a maioria das pessoas vai sofrer com dor lombar em algum ponto da vida. Foto: Freepik
O treinamento resistido - prática de exercícios para melhorar a resistência do corpo - é apontado por vários pesquisadores como uma das estratégias promissoras para mitigar os problemas causados pela condição. Em sua tese de doutorado, Eduardo Borges, sob orientação do Prof. Dr. Júlio Cerca Serrão, verificou o nível de influência desse tipo de treinamento na melhora da dor e da incapacidade funcional e na ativação neuromuscular dos pacientes
Participaram do estudo 31 voluntários de ambos os sexos com idade entre 20 e 59 anos. Essas pessoas foram divididas em dois grupos, sendo que o primeiro participou de uma sessão única de treinamento. O restante realizou um programa contínuo de oito semanas, com duas sessões semanais.
Os resultados apontaram para benefícios desde a primeira sessão de exercícios. Após as oito semanas de treinamento resistido de leve intensidade, os voluntários apresentaram melhoras na mobilidade do tronco e alterações importantes, como a redução da incapacidade funcional e da dor.
Treinamento resistido: um protocolo promissor
De forma geral, o treinamento resistido é focado em criar resistência ao corpo. O objetivo é treinar para que o corpo não fique tão cansado ou dolorido após exercícios básicos, mesmo da vida cotidiana, como caminhar e subir escadas. Tem como ideia principal a resistência progressiva e normalmente é realizado com a utilização de pesos ou elásticos. Por ser de baixo impacto, o treinamento resistido pode ser indicado e adaptado para a maioria das pessoas.
Para verificar sua eficácia no tratamento da dor lombar crônica, Eduardo propôs investigar se esse tipo de treinamento seria capaz de reduzir a incapacidade funcional de moderada para leve.
Exercícios realizados na sessão aguda. Imagem retirada do trabalho original.
Na sessão aguda (sessão de exercícios praticados de forma isolada), foram realizados os exercícios terra com barra hexagonal, extensão lombar no banco romano e abdominal.
Exercícios realizados no protocolo de oito semanas. Imagem retirada do trabalho original.
Benefícios desde a primeira sessão
Os resultados do estudo revelaram que o treinamento resistido de baixa intensidade reduziu a dor, a incapacidade funcional e aumentou a força máxima desde a primeira sessão. Após oito semanas, o grupo experimental apresentou alterações significativas quando comparado com o grupo de controle. Além de uma redução ainda maior dos índices mencionados anteriormente, o grupo também mostrou redução de dor afetiva, aumento da resistência muscular e amplitude de movimento do tronco.
Mulheres tendem a sofrer mais com a dor lombar crônica que homens. Foto: Freepik
O pesquisador concluiu que o protocolo de treinamento resistido proposto por ele é eficaz para o tratamento de pessoas com dor lombar crônica inespecífica. “No entanto, os parâmetros eletromiográficos analisados por nós, não respondem o porquê dos efeitos positivos encontrados” enfatiza.
O estudo intitulado “Influência de um programa de treinamento resistido para pessoas com dor lombar em parâmetros associados à incapacidade funcional, dor e ativação neuromuscular” está disponível no banco de teses da USP e pode ser acessado na íntegra clicando aqui.
Por Guilherme Ike
Estagiário sob supervisão de Paula Bassi