Os riscos do sedentarismo para idosos no isolamento

A complexa busca por tratamentos eficazes não é o único desafio imposto pela pandemia causada pelo novo coronavírus. Enquanto não se encontra uma terapêutica próxima do ideal, a Organização Mundial de Saúde aconselha pelo isolamento social para conter a infecção. A medida é de suma importância principalmente para os grupos de risco, dentre eles a população acima dos 65 anos. Porém, as restrições para sair de casa acabam agravando um outro fator de risco para muitas doenças na terceira idade: o sedentarismo. 

Foto de arquivo de aula do curso comunitário Educação Física para Idosos da EEFE, que atualmente mantém atividades a distância
 

Em texto publicado na Journal of the American Geriatrics Society, os docentes coordenadores do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição Hamilton Roschel e Guilherme Artioli, da EEFE, juntamente com Bruno Gualano (FM-USP), discorrem sobre os riscos da inatividade física para os idosos em isolamento. Os autores ressaltam que se, por um lado, esses indivíduos costumam ser menos ativos que a população mais jovem, por outro lado também são mais propensos a doenças relacionadas ao sedentarismo como sarcopenia, cardiopatias e outras doenças crônicas. 

A inatividade pode levar à perda de massa muscular, acelerando o progresso natural da sarcopenia e o desenvolvimento de comorbidades. Segundo estudos, uma diminuição do número de passos diários em um período de 14 dias pode reduzir em aproximadamente 4% a massa muscular dos idosos. A repercussão do isolamento social na atividade física da população ainda precisa ser estudada, mas dados de aplicativos contadores de passos apontam que, nos Estados Unidos, seus usuários diminuíram sua atividade em 12% em comparação ao mesmo período no ano passado. No Brasil, essa diminuição chega a 15%. 

 

Para apaziguar os efeitos da inatividade causada pelo isolamento social, os docentes sugerem a implantação de uma força tarefa entre governo, universidades, agências de fomento e profissionais da saúde focada na criação e implementação de estratégias de entrega e monitoramento de programas de manutenção dos níveis de atividade física dessa população .

No aspecto científico, os autores sugerem questões a serem exploradas por futuros estudos, como o real impacto do isolamento social nos níveis de atividade física da população e quais os efeitos da diminuição dessa atividade na saúde das pessoas em isolamento, especialmente nos idosos, bem como a testagem da eficácia de modelos terapêuticos de exercício em domicílio..  O artigo completo está disponível no link abaixo:

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/jgs.16550

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