Ex-pacientes de câncer recebem orientação de atividade física a distância

Fruto de colaboração entre EEFE, ICESP E CEPEUSP, iniciativa foi motivada por crescente inatividade física entre as participantes do Projeto Remama devido à pandemia

Manter o nível de atividade física durante o período de pandemia é um desafio para muitas pessoas. O isolamento social, a restrição de acesso a academias e espaços ao ar livre e a consequente dificuldade obter orientação profissional - sem contar os fatores psicológicos - colaboram para o aumento do sedentarismo globalmente.  O fato é preocupante porque a atividade física é uma grande ferramenta de fortalecimento do sistema imune do organismo e um aliado no tratamento e prevenção de inúmeras doenças - o câncer sendo uma delas.

O exercício físico é recomendado tanto durante a terapia do câncer quanto para indivíduos que tiveram a doença e se encontram em fase de remissão. Partindo desse princípio, o projeto Remama, realizado em colaboração com o  Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e o Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP), propõe um programa de treinamento em canoagem focado em mulheres em remissão do câncer de mama. O projeto iniciou em 2013 e hoje conta com cerca de 41 remadoras. A participação da EEFE se dá por intermédio do Laboratório de Fisiologia Celular e Molecular do Exercício, coordenado pela docente Patrícia Chakur Brum.
 

Participantes do Remama em treino antes da pandemia - Fonte: @remamadragaorosa

Em setembro de 2020, com as atividades de canoagem paralisadas, o grupo aplicou questionários online a 37 participantes para avaliar o nível de atividade física não supervisionada durante a pandemia. A pesquisa levantou dados sobre os fatores associados às dificuldades de engajamento e manutenção nos níveis de atividade física recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Aspectos socioeconômicos, prática de atividade física, motivação e potencial exposição ao Sars-Cov-2 também foram retrospectivamente investigados. 

O estudo revelou que, durante a pandemia, as remadoras aumentaram sua massa corporal (entre 3 e 15 quilogramas), e 90% relataram níveis decrescentes de atividade física associados ao aumento do tempo de comportamento sedentário. Vinte e uma (58%) participantes apresentaram algum sintoma relacionado a COVID-19. A maioria das mulheres usou transporte público (59%) ou retornou ao trabalho durante o período de alta incidência da COVID-19 no Estado de São Paulo. Além disso, as participantes que se submeteram a três ou mais tratamentos oncológicos (como cirurgia, quimioterapia e radioterapia, por exemplo) relataram dificuldade aumentada em praticar atividades físicas. 

Os dados chamaram a atenção dos pesquisadores, já que o ganho de massa corporal e a inatividade física são fatores de risco para a reincidência do câncer de mama. “Ademais a maioria delas está na pós menopausa e, em conjunto, a idade e o ganho de massa corpórea também são fatores de risco para, no caso de contraírem a doença, a mesma ter um curso menos favorável com risco de agravamento”, explica a Profa. Dra. Patrícia Chakur Brum.

Diante dessa situação e buscando uma solução, o grupo estruturou um projeto de atividade física orientada a distância voltado a essas mulheres, com a participação de pesquisadores, alunos de pós-graduação e de graduação (bolsistas PUB) da EEFE. Desde novembro, as voluntárias treinam duas vezes por semana e recebem orientação individualizada. 


Orientação online das participantes do Projeto

Os detalhes do estudo serão publicados em artigo no periódico Frontiers in Physiology, com autoria de Aline Rachel Bezerra Gurgel, Pedro Mingroni Netto, Jose Carlos Farah, Christina May Moran Brito, Remama Group, Anna Sara Shafferman Levin e Patricia Chakur Brum.

 

Desenvolvido por EEFE-USP