Diálogo é essencial para avaliação centrada na aprendizagem, segundo pesquisa EEFE

Elemento fundamental em qualquer área de formação, o processo de avaliação nem sempre é bem compreendido, estruturado e aplicado nos cursos de licenciatura em educação física. Esta foi uma das conclusões da pesquisadora Raquel Stoilov Pereira Moreira em sua tese de doutorado orientada pelo Prof. Dr. Osvaldo Luiz Ferraz

A pesquisadora entrevistou seis coordenadores de curso e aplicou questionários a 36 professores e 85 alunos de cursos de licenciatura em Educação Física de instituições de ensino superior no estado de Mato Grosso. O estudo abordou experiências no ensino superior; concepções e a Avaliação da Aprendizagem. Também foram realizadas análises documentais dos Projetos Pedagógicos de cada curso (PPC) e dos documentos orientativos institucionais.

Falta clareza na definição do conceito de avaliação, segundo a pesquisadora

Dentre as questões identificadas pela pesquisadora, destacam-se a falta de clareza na definição do conceito de avaliação e o escasso diálogo sobre o assunto entre instituição, docentes e discentes. Nos Projetos Pedagógicos, as informações referentes ao tema são limitadas e frequentemente contrastantes com os posicionamentos de coordenadores, alunos e professores envolvidos.  

Segundo boa parte dos entrevistados, a avaliação é um instrumento centrado no professor, voltado para a identificação de erros, definição de notas e aprovação ou reprovação dos alunos. A pesquisadora explica que este conceito prejudica o foco no ensino e na aprendizagem, “contribuindo para a manutenção de equívocos, sejam conceituais ou procedimentais, especialmente por se tratar da formação de futuros docentes”. A avaliação “não deveria ser obcecada por definir notas ou conceitos, pois isso não é avaliar, é apenas mensurar, quantificar e classificar”, afirma.

As ferramentas de avaliação utilizadas pelos docentes são indicativos dessa visão centrada no professor, limitando-se, na maior parte das vezes, a provas e seminários. Apenas 8% dos professores entrevistados afirmaram aplicar a autoavaliação, elemento importante para reforçar o entendimento de que o aluno também tem um papel relevante e responsável em sua formação. 

Processo de avaliação deve contar com diálogo constante entre corpo docente, discente e instituição

Partindo desse cenário, a pesquisadora sugere uma estratégia pensada a partir do feedback da avaliação, estimulando os discentes a interpretarem os resultados e as etapas adotadas ao longo das aulas, refletindo sobre o próprio processo de formação. Desta forma, o futuro professor teria condições de superar a adoção massiva de exames, ressignificando as práticas avaliativas que irá adotar como profissional. 

A pesquisadora ressalta que transformar a Avaliação em um processo focado no ensino-aprendizagem depende de um esforço coletivo entre Instituição de Ensino, corpo docente e discente. Para isso, é necessário que a concepção de práticas avaliativas estejam explícitas nos projetos pedagógicos, assim os mecanismos para sua efetiva aplicação. Adicionalmente, sugere a implantação de  um programa de educação continuada para que os professores possam discutir com maior frequência questões relacionadas à avaliação da aprendizagem, perspectivando melhorias nos processos de ensinar e aprender. 

 

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